domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal do Senhor


Ano B / cor: branco / Leituras: Is 9,1-6; Sl 95 (96); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14

Natal de Nossos Senhor Jesus Cristo
Diácono Milton Restivo


É Natal. Enfeites nas vitrines do comércio, nas portas das residências; propagandas de produtos nos jornais, rádio e televisão sugerindo bens de consumo, presentes, roupas, enfim, renovação de tudo o que consumimos. Quantos julgam que o Natal exige roupas novas, enfeites em todas as partes, dar e receber presentes.  De fato, o Natal exige coisas novas, muitas coisas que não se resumem em roupas ou presentes. O Natal exige muitos enfeites, mas não os das vitrines ou portas de residências. Esses enfeites deveriam ser e retratar a beleza interior do nosso espírito que deveria estar se preparando cristãmente para o Natal do Senhor. Natal é coisa sempre nova. Quem o vive em seu verdadeiro espírito, não envelhece jamais: é sempre criança.          
Natal, quando cristãmente vivido, nos faz sentir jovens, nos dá energia para começar tudo de novo, vontade nova, preparando-nos para a vida que o Menino do Natal veio nos trazer. Os enfeites e roupas deveriam ser a exteriorização do nosso desejo de renascer para as coisas do alto. O importante é a realidade interior. O importante é o que está dentro de nós e nos apresentarmos para o Natal de Jesus Cristo com uma alma renovada e enfeitada de valores cristãos.

sábado, 17 de dezembro de 2011

4º Domingo do Advento


Ano B / cor: roxo / Leituras: 2Sm 7,1-5.8-12.14.16; Sl 88 (89); Rm 16,25-27; Lc 1,26-38)

“Eis aqui a escrava do Senhor” (Lc 1,38)

Diácono Milton Restivo

Chegamos ao último domingo do Advento. Estamos às portas do Natal de nosso Senhor Jesus Cristo. Na liturgia acende-se a última vela da coroa do Advento, a vela do amor, e quem a acender deve dizer: “Bendito sejais, Deus de amor, pela luz de Cristo, sol de nossa vida, a quem esperamos com toda a ternura do coração”.
Nas leituras da liturgia da Palavra busca-se uma morada para Yahweh, no Antigo Testamento, e para o Emanuel – Deus conosco, no Novo Testamento. Um personagem de suma importância para Israel e Judá aparece na primeira leitura: o rei Davi. Não podemos ignorar a figura importante, também, do profeta Natã que foi fundamental no apoio dado ao rei Davi, principalmente quando este cometia deslizes.
Davi sentia-se incomodado por morar num palácio de cedro, enquanto a Arca da Aliança estava “alojada numa tenda”, e propôs-se a construir um Templo para a Arca da Aliança, morada de Yahweh que acompanhou os israelitas durante todo o tempo de sua caminhada pelo deserto. A construção de uma casa permanente para substituir o tabernáculo, ocupou sempre o pensamento de Davi. O profeta Natã, a mando de Yahweh, desestimula Davi, dizendo que, quem deveria construir o Templo para Yahweh não seria Davi, mas o seu filho: “E quando esgotar seus dias e você repousar junto a seus antepassados, eu exaltarei a sua descendência depois de você, aquele que vai sair de você. E firmarei a realeza dele. Ele é quem vai construir uma casa para o meu nome. E eu estabelecerei o trono real dele para sempre. Serei para ele um pai e ele será um filho para mim” (2Sm 7,12-14).

sábado, 10 de dezembro de 2011

3° Domingo do Advento


Ano B / Cor: róseo / Leituras: Is 61,1-2.10-11; Sl de Lc 1; 1Ts 5,16-24; Jo 1,6-8.19-28

“Eu sou a voz que grita no deserto” (Jo 1,23)

Diácono Milton Restivo

O Terceiro Domingo do Advento é chamado “Domingo Gaudete”, ou seja, “Domingo da Alegria”. Este domingo tem esse nome porque a antífona de entrada da Missa começa com as palavras de Paulo Apóstolo na sua carta aos filipenses: “Gaudete in Domino semper”, que, traduzido para o português, temos: “Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem alegres! O Senhor está próximo”. (Fl 4,4.5) e, na segunda leitura, no mesmo espírito de alegria, Paulo diz aos tessalonicenses: “Irmãos, estejam sempre alegres, rezem sem cessar. Dêem graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus a respeito de vocês em Jesus Cristo. [...] Que o espírito, alma e corpo de vocês sejam conservados de modo irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Quem chamou vocês é fiel e realizará tudo isso.” (1Ts 5,16-18.23-24)
Os paramentos litúrgicos deste domingo poderão ser róseos para amenizar um pouco a austeridade do roxo, e o otimismo deve reinar porque, na liturgia da Palavra, o profeta Isaias diz para que o Messias deveria vir. No Salmo Maria, a escolhida para ser a mãe do Filho de Deus, o Messias, entoa um dos mais belos cânticos das Sagradas Escrituras, o “Magnificat” e o Evangelho de João apresenta o precursor do Messias, João Batista. “a voz que grita no deserto” (cf. Jo 1,22)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

2º Domingo do Advento


Ano B / Cor: roxo / Leituras: Is 40,1-5.9-11; Sl 84 (85); 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8

“Depois de mim virá alguém mais forte que eu” (Mc 1,7)

Diácono Milton Restivo

Estamos vivendo o Tempo do Advento, na expectativa da vinda da Luz do mundo: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que habitavam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” (Is 9,2). O profeta Isaias é uma constante no Tempo do Advento.
O livro do profeta Isaias tem uma particularidade única: é dividido em três partes chamadas Proto-Isaías, do capítulo 1 ao 39, Segundo Isaias também chamado Dêutero-Isaías ou “Livro da Consolação” que compreende dos capítulos 40 ao 55 e o Trito-Isaías, dos capítulos 56 a 66.
A história dos poemas narrativos constantes do Dêutero-Isaías ou Livro da Consolação tem a ver com o regresso dos judeus depois do cati­veiro da Babilônia. A primeira deportação dos judeus para a Babilônia deu-se em 597 aC; em 586 aC é a conquista de Jerusalém e a segunda deportação.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

1º Domingo do Advento


Ano B / cor:  roxo / Leituras: Is 63,16-17.19; 64,2-7; Sl 79 (80); 1Cor 1,3-9; Mc 13,33-37

“O que eu digo a vocês, digo a todos: fiquem vigiando” (Mc 13,37)

Diácono Milton Restivo

“O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e aos que habitavam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.” (Is 9,2) Não poderia existir citação melhor do que essa do profeta Isaias para darmos início a um novo Ano Litúrgico e entrada ao período do Advento que antecede e prepara o povo de Deus para o Natal de Jesus Cristo.
Isaias ainda diria: “O sol não será mais a luz do seu dia, e de noite não será a lua a iluminá-la; o próprio Yahweh será para você uma luz permanente, e o seu Deus será o seu esplendor. O sol dela jamais vai se por, e a sua lua não terá mais minguante, pois o próprio Yahweh será para você uma luz permanente.” (Is 60,19-20) Setecentos anos mais tarde Jesus diria: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas possuirá a luz da vida.” (Jo 812); “Eu vim ao mudo como luz, para que todo aquele que acredita em mim não fique nas trevas.” (Jo 12,46). Estamos na expectativa de comemorar novamente a vinda dessa luz que virá até nós, como na primeira vinda do Salvador, quando já nos preparamos para a sua segunda vinda.

sábado, 19 de novembro de 2011

Morre D. José de Aquino Pereira, bispo emérito de São José do Rio Preto

O bispo emérito de São José do Rio Preto, D. José de Aquino Pereira, 91 anos, faleceu nesta última quinta feira, dia 17, no Hospital Beneficência Portuguesa, vítima de uma broncopneumonia bilateral. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital desde o dia 30 de outubro.
A missa de corpo presente foi ontem, dia 18, às 16h, na Catedral de São José, presidida pelo bispo diocesano, D. Paulo Mendes Peixoto, e concelebrada por  outros bispos da região e todo o clero da diocese. O sepultamento se deu logo após a missa, na cripta dos bispos da catedral.
D. José de Aquino Pereira nasceu no dia 22 de abril de 1920, no Distrito de Vila Real (Trás-os-Montes), em Portugal; filho de Manuel de Aquino Pereira e Maria do Rosário Pereira.

sábado, 12 de novembro de 2011

33º Domingo do Tempo Comum


Ano A / cor: verde / Leituras: Pr 31,10-13.19-20.30-31; Sl 127 (128); 1Ts 5,1-6; Mt 25,14-30

“Quem poderá encontrar uma mulher forte? Ela vale muito mais do que pérolas” (Pr 31,10)

Diácono Milton Restivo

Estamos chegando no fim do Tempo Comum, onde a Igreja, na sua liturgia da Palavra e Eucarística veste verde, cor e símbolo da esperança do povo de Deus em viver plenamente o Reino de Deus que já está entre nós. Com o final do Tempo Comum termina, também, o Ano Litúrgico, que tem como referência no seu encerramento a festa de Cristo, Rei do Universo que celebraremos no próximo domingo, que será o trigésimo quarto domingo do Tempo Comum, quando a Igreja veste branco.
A liturgia deste trigésimo terceiro domingo do Tempo Comum, na sua primeira leitura, enaltece a figura da mulher virtuosa. O livro Cântico dos Cânticos assim fala da mulher formosa: “Você é bonita, minha amiga, você é como Tersa, formosa como Jerusalém. Você é terrível como esquadrão com bandeiras desfraldadas. Afaste de mim teus olhos, que teus olhos me perturbam!” (Ct 6,4-5). É muito interessante verificarmos nas Sagradas Escrituras como a figura da mulher é colocada em destaque em diversos lugares, situações e conotações. No Livro Sagrado o assunto “mulher” é abordado com muita propriedade e inteligência das mais diversas maneiras e nos mais variados aspectos. Em alguns lugares é enaltecida a figura da mulher virtuosa, da mulher cheia de virtudes e predicados, da mulher recatada em todas as suas atitudes. Em outras situações é criticada e condenada a figura da mulher má e maliciosa, da mulher perversa, da mulher que denigre tudo o que há de mais belo, de mais puro e de mais santo na figura doce e santa dessa pessoa do sexo feminino criada por Deus para ser companheira e mãe.

sábado, 5 de novembro de 2011

Todos os Santos


Ano: A / Cor: branca / Leituras: Ap 7,2-4.9-14; Sl 23; 1Jo 3,1-13; Mt 5,1-12a

“Venham benditos de meu Pai! Recebam como herança o reino que meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo” (Mt 25,34)

Diácono Milton Restivo

O dia de Todos os Santos deveria ser comemorado, como sempre foi, no primeiro dia de novembro que antigamente também era feriado, mas, como deixou de ser feriado, a Igreja transfere esta comemoração de Todos os Santos para o primeiro domingo do mês de novembro.
O dia de Todos os Santos, como sugere a comemoração, é dedicado a todos os santos e santas existentes; aos santos e santas que conhecemos e aos santos e santas que não conhecemos; aos santos e santas que sabemos o nome e a sua história, e aos santos e santas que não sabemos o nome nem a história de sua vida e que jamais ouvimos falar ou ouviremos falar; aos santos e santas que conviveram conosco e nos anteciparam na casa do Pai e lá estão nos aguardando. Esta data é dedicada a todos os santos e santas que todos conhecem o seu nome e às santas e santos anônimos.
A festa de Todos os Santos é uma das comemorações mais antiga e mais importante do calendário litúrgico; é a festa da família de Deus, da família da Igreja de Jesus Cristo.

domingo, 30 de outubro de 2011

31º Domingo do Tempo Comum


Ano A / cor: verde / leituras: Ml 1,14-2,1-2.8-10; Sl 130 (131); 1Ts 2,7-9.13; Mt 23,1-12

Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha, será exaltado” (Mt 23,12)

Diácono Milton Restivo
           
            Nos santos Evangelhos, de modo especial no Evangelho de Mateus, a figura do fariseu é a antítese de tudo aquilo de bom que Jesus veio trazer à humanidade. O cristianismo nascente deixou transparecer uma imagem marcada e caracterizada pela contradição e dedicação ferrenha no combate aos ensinamentos de Jesus por parte dos fariseus. Os maiores rivais políticos e religiosos dos fariseus foram, durante muito tempo, os saduceus, principalmente devido a postura em favor de Roma por parte dos saduceus. Esta rivalidade, contudo, não os impedia de unirem-se em alguns momentos em que os objetivos faziam-se comuns, principalmente para contradizer e tentar Jesus.
Junto aos saduceus, doutores da Lei e escribas, os fariseus eram tidos como adversários de Jesus, dos quais Jesus ataca duramente a sua prepotência, o seu orgulho, a sua avareza, a sua hipocrisia e, sobretudo, a pretensão que eles tinham em defender a crença de que a salvação viria através da Lei de Moisés, de quem eram discípulos e ferrenhos defensores. Os Evangelhos os retratam como os principais oponentes de Jesus (cf Mc 8,11; 10,2; etc)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

30º Domingo do Tempo Comum


Ano A / Cor: verde / Leituras: Ex 22,20-26; Sl 17 (18); 1Ts 1,5-10; Mt 22,34-40

“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” (Mt 22,36)

Diácono Milton Restivo

No Evangelho as autoridades religiosas judaicas continuam azucrinando o sossego de Jesus. Neste capítulo 22 de Mateus, em primeiro lugar, Jesus fez calar os fariseus quando eles perguntaram se era lícito pagar o imposto a César (cf. Mt 11,15-22), fato que vimos no domingo passado. Os saduceus, sabendo que Jesus calara os fariseus, voltam à carga, testando Jesus sobre a ressurreição, considerando que eles, os saduceus, não acreditavam na ressurreição dos mortos (cf Mt 22,23-33), tendo-os, também, calado Jesus. Agora os fariseus voltam à carga: “Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os fariseus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus: ‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei’?” (Mt 22,34-36)

domingo, 16 de outubro de 2011

29º Domingo do Tempo Comum

Ano A / cor: verde / leituras: Is 45,1.4-6; Sl 95 (96); 1Ts 1,1-5; Mt 22,15-21

“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21)

Diácono Milton Restivo

O profeta Isaias, na primeira leitura, fala de um rei estrangeiro e pagão, isto é, que não era judeu nem de nacionalidade e nem de religião. Para agravar a situação, era o rei dominador do povo judeu e o mais poderoso de sua época: Ciro II, mais conhecido como Ciro, o Grande.
Ciro foi rei da Pérsia entre os anos 559 e 530 a.C. No ano de 539 aC Ciro conquistou a Babilônia onde estavam cativos o povo judeu. Ciro foi um rei benevolente e, no ano de 537 a.C., foi o autor da declaração que autorizava os judeus a regressarem para sua terra de origem, libertando-o do cativeiro e escravidão, conforme narra o livro de Esdras, 1,1-11, onde consta uma versão dos ditos dessa declaração, colocando fim ao exílio babilônico dos judeus, nos seguintes termos: “Ciro, rei da Pérsia,decreta: Yahweh, o Deus do céu, entregou-me todos os reinos do mundo. Ele me encarregou de construir para ele um Templo em Jerusalém, na terra de Judá. Quem de vocês provêm do povo dele? Que o seu Deus esteja com ele. Volte para Jerusalém, na terra de Judá, para reconstruir o Templo de Yahweh, o Deus de Israel. Ele é o Deus que reside em Jerusalém.” (Esd 1,2-3). Isaias, prevendo esse acontecimento, antes que isso se realizasse, enaltece o rei, atribui a Ciro algo que era destinado somente aos reis de Israel e Judá: a unção de Yahweh: e o rei ungido se tornava o pastor do povo de Deus, e Isaias escreve, dizendo: “Assim diz Yahweh a Ciro, o seu ungido...” completando com todas as benesses contidas no livro de Isaias, 45,1-7.

sábado, 8 de outubro de 2011

28º Domingo do Tempo Comum

Ano: A / cor: verde / leituras: Is 25,6-10; Sl 33 (23); Fl 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14

“Muitos são chamados, e poucos são escolhidos” (Mt 22,14)

Diácono Milton Restivo

As leituras das liturgias dominicais anteriores falavam da vinha do Senhor. Depois de três domingos consecutivos falando dos cuidados de Yahweh para com a sua vinha, símbolo do seu povo, a liturgia de hoje convida a todos para o banquete que ele oferece.
A primeira leitura fala do banquete oferecido por Yahweh a todos os povos e, no Evangelho, o Pai convida para o banquete da festa de casamento de seu filho. Não é um casamento que todos estão acostumados a participar. É um casamento importante: o casamento do filho do rei, para o qual o Rei convida todos os povos. De trabalhadores da vinha, de simples operários, o Senhor, torna todos seus convivas, e convida a todos para o banquete do casamento do seu Filho.
Na primeira leitura o profeta Isaias projeta-se para o futuro com uma linguagem apocalíptica e descreve um banquete de raras iguarias que Yahweh promoverá para todos os povos: “Yahweh dos exércitos vai preparar no alto deste monte, para todos os povos do mundo, um banquete de carnes gordas, um banquete de vinhos finos, de carnes suculentas, de vinhos refinados.” (Is 25,6)

domingo, 4 de setembro de 2011

23º Domingo do Tempo Comum


Ano A / cor: verde / Leituras: Ez 33,7-9; Sl 94 (95); Rm 13,8-10; Mt 18,15-20

Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles(Mt 18,20)

Diácono Milton Restivo

As leituras deste domingo nos chamam a atenção para a correção fraterna e sobre a responsabilidade que todos temos que ter uns pelos outros para não permitir que ninguém se afaste do bom caminho. Não somos perfeitos, cometemos faltas e nem sempre somos dignos de nos aproximar da mesa da Palavra ou da mesa da Eucaristia, alimentos que o Pai, generosamente, nos oferece. A maneira que Deus nos indica para corrigir os que erram é através dos próprios cristãos, uns corrigindo aos outros. Isso já é visto na primeira leitura com o profeta Ezequiel transmitindo a palavra de Yahweh, orientando para que o profeta seja fiel como vigia dos mandamentos do Senhor na casa de Israel. E o que foi dito para Ezequiel, não foi só para ele que tenha sido dito, mas para todos aqueles a quem o Senhor escolheu para seguir o caminho que leva até ele. Yahweh determina a Ezequiel que chame a atenção daquele que está no caminho errado e diz que vai pedir contas a Ezequiel se ele for omisso a esse respeito: “Se eu disser ao ímpio que ele vai morrer, e você não lhe falar, advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio vai morrer por sua própria culpa, mas eu pedirei a você contas da sua morte”. (Ez 33,8)
Os antigos gregos se inspiraram num provérbio, que ficou conhecido assim: “Três tipos de pessoas pagarão caro perante o Tribunal do Altíssimo: os que não sabem e não perguntam; os que sabem e não ensinam; e os que ensinam e não praticam”

domingo, 28 de agosto de 2011

22º Domingo do Tempo Comum


Ano A / cor: verde / Leituras: Jr 20,7-9; Sl 62 (63); Rm 12,1-2; Mt 16,21-27
 
“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24)

Diácono Milton Restivo

O profeta Jeremias é o escritor sagrado da primeira leitura deste domingo. Jeremias e Oséias foram os dois profetas mais radicais do Antigo Testamento, pois foram os que mais perto chegaram de uma compreensão profunda das causas da opressão que o povo de Israel vivia naquele tempo e a maneira como o povo se afastava de Yahweh, muitas vezes induzido pelas autoridades civis, militares e religiosas. Como Oséias e Miquéias, Jeremias pertencia ao mundo camponês e ele aproveita muito disso para transmitir a sua mensagem com conotações das coisas do campo.
O significado do nome Jeremias é incerto; podemos citar as seguintes: “Yahweh exalta”, “Yahweh é sublime” ou “Yahweh abre (faz nascer)”. O nome Jeremias era bastante comum nos tempos bíblicos. São conhecidos nove personagens, mais ou menos importantes, com este nome.

sábado, 20 de agosto de 2011

Assunção de Nossa Senhora

 Leituras: Ap 11,19; 12,1.3-6.10; Sl 44 (45); 1Cor 15,20-27; Lc 1,39-57

“A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador!” (Lc 1,46)

Diácono Milton Restivo

“Eu era pequeno, nem me lembro, só lembro que a noite, aos pés da cama, juntava as mãozinhas e rezava apressado, mas rezava como alguém que ama...” Essa música, do Padre Zezinho, “Maria da minha infância”, retrata bem como foi o nosso relacionamento com Maria na nossa infância e adolescência, e como está sendo o nosso relacionamento com Maria ainda hoje.
Com fé, amor e devoção, quando éramos crianças juntávamos nossas mãos em oração e rezávamos, inocentemente, a prece da Ave Maria, repetindo palavras que nem sabíamos direito os seus significados, mas, com que confiança que rezávamos. Que segurança sentíamos quando nos dirigíamos a Maria, repetindo as palavras de nossa mãe ou avó, aquela oração que fazia e faz de Maria a mais cheia de graça, a mais pura entre as mulheres. Mas isso, quando éramos pequenos. Quando éramos crianças. Que confiança as crianças tem na mãezinha do céu.

sábado, 13 de agosto de 2011

20º Domingo do Tempo Comum

Ano A / Cor: verde / Leituras: Is 56,1.6-7; Sl 66 (67); Rm 11,13-15.29-32; Mt 15,21-28

“Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mt 15,22)

Diácono Milton Restivo

É interessante como Deus usa os meios para chegar a todos os povos, a todas as gentes, a todas as pessoas. Os israelitas julgavam-se salvos e, por isso, poderiam ignorar o que Jesus lhes dizia, simplesmente por se dizerem filhos de Abraão, descendentes de Abraão: “Nós somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘vocês ficarão livres’? [...] Nosso pai é Abraão.” (Jo 8,33.39a). Abraão era considerado o pai biológico dos judeus, os quais podiam traçar sua linhagem genealógica até a paternidade do patriarca. Isto era orgulho para eles e que eles julgavam a única coisa necessária para serem salvos e superiores aos demais povos aos olhos de Yahweh. Os judeus apenas se vangloriavam de ser filhos de Abraão, mas não imitavam as suas virtudes e, por isso, Jesus lhes chama a atenção: “Se vocês são filhos de Abraão, façam as obras de Abraão. Agora, porém, vocês querem me matar, e o que eu fiz foi dizer a verdade que ouvi junto de Deus.  Isso Abraão nunca fez.” (Jo 8,39b-40)
João Batista já tinha alertado as autoridades religiosas dos judeus antes de Jesus, quando lhes chamara a atenção: “Não pensem que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’. Porque eu lhes digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão.” (Mt 3,9)

sábado, 6 de agosto de 2011

19º Domingo do Tempo Comum

Ano A / cor: verde / Leituras: 1Rs 19,9.11-13; Sl 84 (85); Rm 9,1-5; Mt 14,22-23
“Coragem, sou eu, não tenham medo” (Mt 14,27)

Diácono Milton Restivo

Na nossa vida, às vezes, parece que estamos num mar de rosas; tudo é realização, tudo é maravilhoso, tudo dá certo, tudo vai bem como sempre desejaríamos que fosse, mas no nosso cancioneiro de música popular existe uma música com o verso seguinte: “Tristeza não tem fim, felicidade sim...” e, bem por isso, de repente, como num estalar de dedos, parece tudo ao contrário: sentimos-nos mergulhados numa depressão, numa tristeza, numa angustia que parece não ter fim; dá-nos a impressão que estamos caminhando sobre as águas e sentimos que, num relance, nos falta a força, coragem, confiança, apoio e estamos sozinhos, dando-nos a sensação que vamos submergir, sem chances de nos afirmarmos ou ter alguém que nos socorra. Quantas vezes nos falta confiança em tudo e em todos; dá-nos a impressão que ninguém, mas ninguém mesmo, nos compreende e que todos nos viraram as costas, deixando-nos entregues à nossa própria sorte. Nessas condições, nos desesperamos, deixamos de acreditar em tudo e em todos e, nessa descrença, chegamos ao cúmulo de perguntar: “Onde está Deus?”. Isso aconteceu com o profeta Elias, como vemos na primeira leitura e com os discípulos de Jesus, como vemos no Evangelho e, finalmente, com Pedro, que não acreditou no poder de Jesus e começou a afundar enquanto caminhava sobre as águas do mar.

domingo, 31 de julho de 2011

18º Domingo do Tempo Comum

Ano A / cor: verde / Leituras: Is 55,1-3; Sl 144 (145); Rm 8,35.37-39; Mt 14,13-21

“Eles não precisam ir embora. Vocês é que têm de lhes dar de comer” (Mt 14,16)

Diácono Milton Restivo

O profeta Isaias é o mais messiânico de todos os profetas. Nos seus escritos encontramos a projeção do Messias prometido desde o início dos tempos e, para provar isso, os Evangelistas o citam por várias vezes e em muitas ocasiões e o próprio Jesus usa e repete muitas citações desse profeta.
Na primeira leitura, extraída do livro do profeta Isaias, temos uma citação que Jesus a repetiria mais tarde, enquadrando-a objetivamente na sua mensagem. Escreveu Isaias tentando confortar o povo israelita que ainda estava no exílio, colocando na boca de Yahweh um apelo ao povo que se convertesse enquanto houvesse tempo, convidando-o a participar dos bens da Nova Aliança: “Atenção! Todos os que estão com sede, venham buscar água. Venham também os que não têm dinheiro: comprem e comam sem dinheiro e bebam vinho e leite sem pagar. [...] Dêem ouvidos a mim, venham para mim, me escutem, que vocês viverão. Farei com vocês uma aliança definitiva, serei fiel à minha amizade com Davi. [...] Procurem Yahweh enquanto ele se deixa encontrar.” (Is 55,1.3.6). Mais tarde Jesus faria um apelo idêntico a todos aqueles que, no seu tempo, estavam subjugados pelo peso, fardo e observâncias farisaicas da lei de Moisés impostos ao povo pelas autoridades religiosas judaicas, e que hoje é dirigido a todos que estão submetidos ao peso e fardo e observâncias hipócritas do mundo e da sociedade de hoje: “Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso de seu fardo, e eu lhes darei descanso. Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11,28-30)

sábado, 23 de julho de 2011

17º Domingo do Tempo Comum

Ano A / cor: verde / Leituras: 1Rs 3,5.7-12; Sl 118 (119);  Rm 8,28-30; Mt 13,44-52

“Ensina-me a ouvir, para que eu saiba governar o teu povo e discernir entre o bem e o mal” (1Rs 3,9)

Diácono Milton Restivo

Neste domingo encerra-se o capítulo 13 do Evangelho de Mateus, que foi lido todo durante três domingos seguidos, e que narra as parábolas do Reino. Nos dois domingos anteriores meditamos esse capítulo e é claro que, por mais que se fale sobre ele, jamais esgotaremos o assunto. Mas, a primeira leitura deste domingo traz um personagem que merece destaque: o rei Salomão. Vamos conhecê-lo melhor, abordando o início do seu reinado que foi longo como o de seu pai Davi: “O tempo que Salomão reinou em Jerusalém sobre todo Israel, foi de quarenta anos.” (1Rs 11,42)
Nas Sagradas Escrituras, Antigo Testamento, é narrada a história do pai de Salomão, o rei Davi, conhecido como rei salmista e profeta. O rei Davi foi escolhido por Yahweh para reinar sobre o povo de Israel (Sm 16,1-13), e foi o rei Davi quem escreveu a maior parte dos salmos contidos nas Sagradas Escrituras. Davi foi um rei muito querido e amado por todo o povo de Israel e morreu já em idade avançada depois de haver reinado por quarenta anos sobre Israel: “Davi repousou com seus antepassados e foi enterrado na cidade de Davi. Davi foi rei em Israel durante quarenta anos; reinou sete anos em Hebron, e trinta e três anos em Jerusalém.” (1Rs 2,10-11)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

16º Domingo do Tempo Comum

Ano A / cor: verde / Leituras: Sb 12,13.16-19; Sl 85 (86); Rm 8,26-27; Mt 13,24-43

“Jesus contou outra parábola à multidão...” (Mt 13,30)

Diácono Milton Restivo

O Evangelho deste domingo é a continuação do Evangelho do domingo passado: o capítulo 13 de Mateus, onde Jesus narra as chamadas “parábolas do Reino”. Parábolas são ensinamentos paralelos a uma lição principal. Parábolas são histórias do cotidiano com uma aplicação espiritual. Pará­bola é uma nar­ra­ção, geral­mente curta, para ensi­nar uma ver­dade moral ou espiritual, atra­vés de com­pa­ra­ção com a vida real. As parábolas de Jesus tratavam de agricultura, culinária, comércio, pesca, profissão, costumes, tradições, etc. Quando Jesus queria ensinar uma lição básica, usava um ensinamento paralelo tomando figuras, quadros, idéias, maneiras de pensar do povo para que, a partir daquilo que o povo conhecia, Jesus pudesse ensinar a verdade que queria fixar na mente das pessoas. Mateus apre­senta, no capí­tulo 13 do seu Evangelho, sete parábolas, chamadas de “as parábolas do Reino” para ensi­nar sobre o desen­vol­vi­mento gra­dual do reino de Deus. É por isso que no último ano do seu ministério, encontramos muitas parábolas.

domingo, 10 de julho de 2011

15º Domingo do Tempo Comum

Ano A / cor: verde / Leituras: Is 55,10-11; Sl 64 (65); Rm 8,18-23; Mt 13,1-23

“A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a palavra e a compreende. Este produz fruto” (Mt 13,23)

Diácono Milton Restivo

O Evangelho de Mateus mostra, a partir da parábola do semeador, a segunda parte do ministério de Jesus. Na primeira parte Jesus se apresentou ao povo como o Messias e, no sermão da montanha, que abrange os capítulos de 5 a 7 de Mateus, faz uma comparação da Lei de Moisés com aquilo que o Messias esperava de seus seguidores, onde Jesus repete por várias vezes, após citar uma determinação da Lei de Moisés: “Vocês ouviram o que foi dito aos antigos... eu, porém, lhes digo...” (Mt 5,21.27.33.38.43) Depois Jesus escolhe os doze apóstolos (Mt 10, 1-5), enviando-os para anunciar a todos os judeus que “O Reino do Céu está próximo”. (Mt 10,5-15)
No capítulo 13 do Evangelho de Mateus Jesus dá início ao chamado discurso das parábolas do mistério e, somente neste capítulo Jesus conta sete parábolas, tendo explicado algumas. As parábolas contadas por Jesus neste capítulo, são: do semeador (Mt 13,4-23); do trigo e do joio (Mt 13,24-30); do grão de mostarda (Mt 13,31-32); do fermento (Mt 13,33-35); do tesouro escondido (Mt 13,44); das pérolas (Mt 13,45-46) e da rede (Mt 13,47-50). Neste domingo o Evangelho apresentado é o da parábola do semeador; nos domingos subsequentes serão apresentadas as demais parábolas constantes deste capítulo.

sábado, 2 de julho de 2011

S. Pedro e S. Paulo

Estamos celebrando nossos padroeiros São Pedro e São Paulo. A festa dos santos apóstolos nos convida a olhar suas vidas e seus exemplos no autêntico seguimento a Jesus Cristo. Os dois, de modos diferentes, e na total fidelidade ao projeto do Reino anunciado por Jesus dedicaram suas vidas à pregação, à propagação da boa notícia, e no final, igualmente perderam a própria vida como testemunho da mesma fé que professaram.
O próprio Jesus havia dito: “Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la, mas quem perder a sua vida por causa de mim, este vai ganha-la” (Mt 10,39). Pedro e Paulo não procuraram conservar suas vidas, mas as perderam, pelo martírio, recebendo a “coroa da glória” (1Pd 5,4).
Tais vidas e exemplos podem parecer muito distantes da nossa realidade hoje, em pleno século XXI, mas mesmo assim podemos ver pontos de contato com nossas vidas, nossa comunidade. E o aspecto mais significativo é o seguimento de Jesus Cristo, que os dois apóstolos viveram de modo exemplar, e nós somos chamados a viver hoje também.
Pedro, por exemplo, iniciou seu seguimento de Jesus a partir de um simples encontro. Um encontro profundo entre duas pessoas muda totalmente a vida. A experiência demonstra isso em tantos casais que mudaram o modo pessoal de ser e de viver depois que um encontrou o outro; quantos pessoas mudam de vida ao partilhar amizades. Seja em experiências positivas que negativas, encontros existenciais mudam o modo de pensar e de viver. A partir de um chamado do próprio Jesus, Pedro deixou tudo, para segui-lo, mesmo ainda sem entender bem onde tudo terminaria.
Nosso primeiro passo, portanto, como pessoas e como comunidade, é fazer este encontro com Jesus, ouvir seu chamado, e assim iniciaremos o seguimento de seus passos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Festa de S. Pedro e S. Paulo

Ano A / Cor: vermelho / Leituras: At 3,1-10; Sl 18a (19); Gl 1,11-20; Jo 21,15-19

“Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 19,18)

Diácono Milton Restivo

O dia comemorativo de São Pedro é 29 de junho, enquadrado que é nas festas juninas, mas por ser uma festa de suma importância para a Igreja, comemora-se litúrgica e festivamente no primeiro domingo que o precede. Considerando que a tradição atesta que Pedro e Paulo, as colunas mestras da Igreja de Jesus Cristo foram martirizados no mesmo dia, então a Igreja festeja a memória dos dois Apóstolos no mesmo dia.
Além daquilo que é citado nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos pouco se sabe sobre a vida de Pedro e dos demais Apóstolos. O livro dos Atos dos Apóstolos só narra a morte de Tiago, filho de Zebedeu no ano 44: “Nesse tempo, o rei Herodes começou a perseguir alguns membros da Igreja, e mandou matar à espada Tiago, irmão de João.” (At 12,1).
As informações, fora das Sagradas Escrituras, acerca dos apóstolos, são abundantes, e nem sempre meritórias de crédito. Temos que considerar que quando um escritor se propõe a escrever sobre um personagem, no caso um santo, o autor sempre carrega nas cores, fazendo com que os seus escritos sejam admirados pelas ações do personagem que ele focaliza, admira e, possivelmente, de quem é devoto, e a história sempre é uma escolha inspirada por uma ideologia ou crença ou uma devoção.

sábado, 18 de junho de 2011

Santíssima Trindade

Ano A / cor: branco / Leituras: Ex 34,4-6.8-9; Dn 3; 2Cor 13,11-13; Jo 3,16-18

“A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai, e a comunhão do espírito santo estejam com todos vocês” (2Cor 13,13)

Diácono Milton Restivo

Ao terminar o Tempo Pascal e voltar ao Tempo Comum, a Igreja celebra a solenidade da Santíssima Trindade. O parágrafo 234 do Catecismo da Igreja Católica diz que o mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo, é, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina.
“A Trindade Santa é um mistério de fé no sentido estrito, um dos ‘mistérios escondidos em Deus que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto’. Sem dúvida, Deus deixou vestígios de seu ser trinitário em sua obra da Criação e em sua Revelação ao longo do Antigo Testamento (cf Gn 1,26). Mas a intimidade de seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo.” (237 – Catecismo da Igreja Católica)
A primeira oração que se ensina num lar cristão é a invocação à Santíssima Trindade acompanhada com o sinal da cruz que o cristão traça a partir da testa, terminando no peito. O cristão consciente jamais começa ou termina o seu dia sem antes ter feito o sinal da Cruz, invocando a Santíssima Trindade. Todas as orações litúrgicas da igreja e as orações particulares do cristão iniciam-se sempre e terminam da mesma forma, com o sinal da Cruz e a invocação da Santíssima Trindade.

domingo, 12 de junho de 2011

Pentecostes

Estamos encerrando o Tempo Pascal, com as festas da Ascensão do Senhor e do Pentecostes. Na dinâmica da Páscoa, celebramos o Cristo crucificado e ressuscitado, presente e vivo na comunidade dos discípulos de Jesus e presente hoje, em nossa comunidade, já que somos nós hoje seus discípulos, seus seguidores. Hoje apagamos o círio pascal, que nos acompanhou durante todo o tempo da Páscoa, como sinal do Cristo crucificado e ressuscitado.
No Pentecostes a Igreja se veste de alegria para celebrar e
implorar a vinda do Espírito Santo e renovar a face da terra, e para que ela seja testemunha viva e verdadeira da presença divina entre nós, através da unidade, em todas as comunidades eclesiais. O aprofundamento do papel e atividade do Espírito Santo na Igreja, na vida pessoal do discípulo cristão e no mundo, ajuda-nos na preparação da Solenidade de Pentecostes. De fato, cada vez mais, a Igreja sente a necessidade de tornar conhecido quem é o Espírito Santo e como ele age na vida eclesial e na vida pessoal de cada batizado que se coloca no caminho do Evangelho, no seguimento de Jesus nos dias de hoje.
O Espírito Santo age na Igreja, na pessoa e no mundo promovendo transformações. É ele que faz passar do caos à ordem, da feiúra à beleza, do ódio ao amor. Não transformação mágica ou imediata, mas transformação que se vai modelando através do cotidiano da vida, temperando a vida do discípulo de Jesus com amor, alegria e paz. Iluminando-se e deixando-se transformar pelo Espírito Santo de Deus, a terra passa do reino do mal para o Reino do Bem, onde a bondade e o valor da vida semeiam mais vida, mais segurança, mais respeito, mais paz. É desse modo que o Espírito Santo de Deus vai modelando nossa existência, iluminando nossas palavras, dirigindo nossos comportamentos, propondo atitudes e semeando serenidade. Como demonstrado através da História da Salvação, o Espírito Santo sempre age para transformar, para fazer da vida humana um caminho de divinização; santificação.
Que o Espírito Santo ilumine nossos corações, nossas mentes, nossas vidas, e nos torne capazes de levar a fé em Jesus Cristo e o seu amor a todas as pessoas do mundo de hoje.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Domingo de Pentecostes

Ano A / cor: vermelho / Leituras: At 2,1-11; Sl 103 (104); 1Cor 12,3-7.12-13; Jo 20,19-23

“Então apareceram línguas como de fogo que se repartiam e pousavam sobre cada um deles” (At 2,3)

Diácono Milton Restivo

Com o Domingo de Pentecostes encerramos o Tempo Pascal. Quando falamos Pentecostes, obviamente no sentido cristão, vem-nos à mente a vinda do Espírito Santo sobre a igreja nascente, representada pelos Apóstolos e Maria, a mãe de Jesus.
Vale esclarecer que o Espírito Santo se manifestou no dia de uma festa milenar dos judeus, que era de grande alegria para os judeus, comemorada com vários nomes: Festa da Colheita, pois os judeus comemoravam o sucesso de uma grande colheita, “a festa dos primeiros frutos de seus trabalhos de semeadura nos campos” (Ex 23,16). Os primeiros frutos ou grãos colhidos eram oferecidos a Yahweh, no Templo de Jerusalém. Também chamada de festa das Semanas, que era a festa de sete semanas e que tinha o seu início exatamente cinquenta dias depois da Páscoa dos judeus com a colheita da cevada, e o encerramento acontecia com a colheita do trigo: “Conte sete semanas. A partir do momento em que você começar a ceifar as espigas, conte sete semanas. Celebre então a festa das semanas em honra de Yahweh seu Deus.” (Dt 16,9-10a). Também era chamada de festa das Primícias dos Frutos, ou somente das Primícias por ser uma entrega de uma oferta voluntária, a Deus dos primeiros frutos da terra colhidos naquela colheita: “No dia dos primeiros frutos, quando vocês oferecerem a Yahweh uma oblação de frutos novos na festa das Semanas, façam uma assembléia santa e não realizem nenhum trabalho.” (Nm 28,26) Como vemos, Pentecostes era uma festa do antigo calendário bíblico judeu regida pela Lei mosaica (Ex 23,14-17; 34,18-23)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ascensão do Senhor

Ano A / cor: branco / Leituras: At 1,1-11; Sl 46 (47); Ef 1,17-23; Mt 28,16-20
 
“Eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20)

Diácono Milton Restivo

Ainda dentro do Tempo Pascal a Igreja comemora a Ascensão do Senhor Jesus aos céus. A primeira leitura é extraída do livro dos Atos dos Apóstolos, aliás, o seu início. Atribui-se a autoria dos Atos dos Apóstolos a Lucas, discípulo de Paulo e médico, como disse o próprio Paulo: “Lucas, o amado médico” (Cl 4,14). As únicas referências, nas Sagradas Escrituras que temos de Lucas, constam das cartas de Paulo: “Lucas, o amado médico” (Cl 4,14); “colaborador” (Fm 1,24); “Somente Lucas está comigo” (2Tm 4,11). Também é atribuído a Lucas o terceiro Evangelho sinótico, onde o Evangelista deixa claro que, em Jesus, Deus visitou o seu povo, quando Jesus chora sobre Jerusalém: “Eles esmagarão você e seus filhos, e não deixarão em você pedra sobre pedra. Porque você não reconheceu o tempo em que Deus veio visitá-la.” (Lc 19,44) Os Atos dos Apóstolos retratam o início da história da Igreja e a Era Apostólica. A preocupação de Lucas, neste livro, é retratar a ação do Espírito Santo nas primeiras comunidades cristãs e, por elas, no mundo inteiro. O interessante é que, apesar do nome, este livro não narra os atos de todos os apóstolos, mas se atém somente em Pedro e muito mais em Paulo, sendo que João e Tiago entram apenas como figurantes. O livro dos Atos dos Apóstolos é a continuação ininterrupta do Evangelho de Lucas. Se pegarmos o final do Evangelho segundo Lucas e o início do livro dos Atos dos Apóstolos, veremos isso, ou seja, Lucas começa o livro de Atos dos Apóstolos com o mesmo fato com que havia terminado o seu Evangelho: a ascensão de Jesus Cristo aos céus.

sábado, 28 de maio de 2011

6º Domingo da Páscoa

Ano A / cor: branco / Leituras: At 8,5-8.14-17; Sl 65; 1Pd 3,15-18; Jo 14,15-21

“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos” (Jo 14,15)

Diácono Milton Restivo

A prisão e morte de Estevão narradas no livro dos Atos dos Apóstolos 6,8 – 7,60, deram início à primeira grande perseguição sofrida pela Igreja de Jesus Cristo: “Naquele dia, desencadeou-se uma grande perseguição contra a igreja de Jerusalém. [...] Saulo, porém, devastava a Igreja: entrava nas casas e arrastava para fora homens e mulheres, para colocá-los na prisão. E aqueles que se dispersaram iam de um lugar para outro, anunciando a Palavra.” (At 8,1b.3-4)
Com a morte de Estevão a Igreja passa por um período de sofrimento e perseguição. Com o martírio de Estevão as autoridades judaicas tentaram, de uma vez por todas, acabar com os seguidores do Ressuscitado, caçando e matando a todos, tanto mulheres como homens, que criam em Jesus Cristo.O sangue dos mártires é a semente da Igreja”, diria mais tarde Tertuliano (155-222)
Fato inédito e grande paradoxo: ao invés de a perseguição calar os seguidores do Ressuscitado e abafar o Evangelho, acabou fazendo com que o Evangelho saísse de Jerusalém e se espalhasse por outras regiões onde se refugiavam os discípulos e se difundisse cada vez mais e com mais ardor. É o Espírito Santo que assim força a Igreja a sair de seu estreito círculo original, a fim de anunciar o Evangelho “... em toda Judéia e Samaria, e até os extremos da terra.” (At 1,8b)

sábado, 21 de maio de 2011

5º Domingo da Páscoa

Ano A / cor: branco / Leituras: At 6,1-7; Sl 32; 1Pd 2,4-9; Jo 14,1-12
“Não fique perturbado o coração de vocês” (Jo 14,1)

Diácono Milton Restivo

A primeira leitura deste 5º Domingo da Páscoa reporta-nos à Igreja primitiva, nos seus primeiros dias, quando “o número dos discípulos tinha aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se dos fiéis de origem hebraica. Os de origem grega diziam que suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário”. (At 6,1). Vemos que, em Jerusalém, não era somente judeus que haviam se convertido para a Igreja do Caminho, mas, também, fiéis de origem grega aderiram aos ensinamentos do Divino Mestre. As pessoas carentes por parte dos judeus tinham atendimento preferencial por parte da comunidade, enquanto que os necessitados de origem grega eram negligenciados e, por isso, reclamaram. Para serem encarregados dessa tarefa foram escolhidos sete homens, todos de origem grega, “de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria” (At 6,3)

domingo, 15 de maio de 2011

4º Domingo da Páscoa

Ano A / Cor: branco / Leituras: At 2,14.36-41; Sl 22; 1Pd 2,20-25; Jo 10,1-10

“... Eu garanto a vocês: eu sou a porta das ovelhas” (Jo 10,7b)

Diácono Milton Restivo

Este 4º Domingo da Páscoa é chamado de o Domingo do Bom Pastor, mas hoje poderíamos chamar este domingo de “Domingo da Porta das ovelhas”. Por interessante que possa parecer, o foco da leitura do Evangelho não se prende ao Bom Pastor, embora Jesus estivesse falando dele, e nem é usado esse termo em toda a leitura evangélica, e sim somente se referindo ao seu adversário, o ladrão, o assaltante, o mercenário, referenciados nas autoridades religiosas judaicas do tempo de Jesus e em todos aqueles que se arvoram autoridades em religião e ou teologia, os falsos profetas que, através de seus ensinamentos dúbios, buscam persuadir as ovelhas e arrebatá-las do Bom Pastor. Quando Jesus fala de ladrão, assaltante e mercenário, refere-se às autoridades religiosas judaicas do seu tempo que dificultavam o arrebanhamento das ovelhas e incitavam o povo contra Jesus ameaçando-o de prisão e até apedrejamento (cf Jo 10,31-33.39), culminando com a sua morte de cruz.

domingo, 8 de maio de 2011

3º Domingo da Páscoa

Ano A / cor: branco / leituras: At 2,14.22-23; Sl 15; 1Pd 1,17,21; Lc 24,13-35

“Permanece conosco, pois cai a tarde e o dia já declina” (Lc 24, 29)

Diácono Milton Restivo

Era um primeiro dia da semana, portanto, entende-se como sendo um domingo. Na sexta-feira anterior havia acontecido coisas terríveis em Jerusalém. As autoridades haviam julgado, condenado e mandado crucificar a Jesus de Nazaré. Naquele primeiro dia da semana, domingo, no terceiro dia após a crucificação e morte de Jesus, piedosas mulheres que seguiram a Jesus por toda a parte a partir da Galiléia durante sua peregrinação transmitindo a Boa Nova a todas as gentes, ainda de madrugada, se dirigiram ao sepulcro onde tinha sido colocado o corpo sem vida do Divino Mestre, levando os aromas que tinham preparado para embalsamá-lo. Ao lá chegarem, surpresa... O corpo de Jesus não estava mais no sepulcro; a pedra que fechava a entrada do túmulo havia sido removida e o túmulo estava vazio: “Mas ao entrar não encontraram o corpo do Senhor Jesus.” (Lc 24,3). Voltaram correndo até onde estavam reunidos os amedrontados apóstolos e discípulos e narraram-lhes o ocorrido, mas, porque eram mulheres, não foram levadas a sério: “... essas palavras, porém, pareceram desvario, e não lhes deram crédito.” (Lc 24,11)

sábado, 30 de abril de 2011

2º Domingo da Páscoa

Ano A / Cor: branco / Leituras: At 2,42-47; Sl 117; 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

“A paz esteja com vocês!” (Jo 20,19)

Diácono Milton Restivo

Neste domingo, chamado “in albis”, ou seja, “domingo das vestes brancas” ou da Divina Misericórdia, a liturgia acentua a nova existência do cristão regenerado pelo batismo ou pela renovação das promessas batismais que foram feitas na cerimônia da Vigília Pascal. Na igreja primitiva o batismo, principalmente dos adultos, acontecia na vigília do domingo da Páscoa. No domingo seguinte, que seria o segundo domingo da Páscoa, os neocatecúmenos já podiam participar da Eucaristia e, para tanto, se apresentavam para as liturgias da Palavra e da Eucaristia vestidos com vestes brancas que foram recebidas no seu batismo.
No domingo seguinte da Páscoa Jesus se apresenta ressuscitado aos seus discípulos, criando e fortalecendo, no Espírito, a primeira comunidade cristã. A primeira leitura, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos, mostra que as primeiras comunidades cristãs, já em plena atividade e evidência, transmitem o testemunho do Ressuscitado. Os novos cristãos “eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações”. (At 2,42)

sábado, 23 de abril de 2011

Domingo de Páscoa

Ano A / Cor: branco / Leituras: At 10,34.37-43; Sl 117 (118); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

“Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram” (Jo 20,2b)

Diácono Milton Restivo

Assim o Senhor Nosso Deus anunciava a Páscoa, a libertação ao povo israelita que se encontrava em escravidão nas terras do Egito sob o poder do Faraó: “Este dia será para vocês um memorial, pois nele celebrarão uma festa de Yahweh; vocês o celebrarão como um rito permanente, de geração em geração”. (Ex 12,14). A primeira Páscoa foi marcada com o sangue do cordeiro: “falem assim a toda a assembléia de Israel: no dia dez deste mês, cada família tome um animal, um anima para cada casa. [...] Pegarão o sangue e o passarão sobre os dois batentes e sobre a travessa da porta, nas casas onde comerem o animal”. (Ex 12,2.7).                     
O símbolo da primeira Páscoa foi designado por Yahweh para ser um cordeiro imolado e o seu sangue significou a libertação, a salvação do povo israelita da escravidão do Egito. O portal da casa israelita que fosse manchado pelo sangue do cordeiro imolado não sofreria a desgraça de ver seus filhos mortos pelo anjo da morte que dizimou os primogênitos egípcios: “Nessa noite eu passarei pela terra do Egito, matarei todos os primogênitos egípcios, desde os homens até os animais. E farei justiça contra todos os deuses egípcios. Eu sou Yahweh. O sangue nas casas será um sinal de que vocês estão dentro delas: ao ver o sangue eu passarei adiante. E o flagelo destruidor não atingirá vocês, quando eu ferir o Egito. Esse dia será para vocês um memorial, pois nele celebrarão um a festa de Yahweh. Vocês celebrarão como um rito permanente, de geração em geração”. (Ex 12,12,14).

sábado, 16 de abril de 2011

Domingo de Ramos e da Paixão

Ano A / Cor: vermelho / Leituras: Mt 21,1-11; Is 50,4-7; Sl 21 (22); Fl 2,6-11; Mt 27,11-54

“Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” (Mt 21,9)

Diácono Milton Restivo

A solenidade dos Ramos e da Paixão do Senhor é o domingo que antecede o Domingo da Páscoa. É o sexto domingo do Tempo da Quaresma e direciona a Igreja para os acontecimentos finais da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. É a preparação imediata da Páscoa da Ressurreição. Esta solenidade não faz parte do Tríduo Pascal: Quinta-feira Santa, Sexta-feira da Paixão e Sábado da vigília pascal.
Para fins de esclarecimentos sobre o Tríduo Pascal, que acontece no transcorrer da semana seguinte, a Quinta-feira Santa é a comemoração da última Ceia da páscoa hebraica que Jesus fez com os doze apóstolos antes de sua prisão e ser levado à morte na cruz. Durante esta ceia Jesus instituiu, além da Eucaristia, o sacerdócio cristão, prefigurando o evento novo da Páscoa cristã que haveria de se realizar dois dias após. A Sexta-feira Santa é o único dia do ano em que a Igreja não celebra a Eucaristia. Recorda, apenas, a morte de Jesus por uma celebração da Palavra de Deus, constando de leituras bíblicas, de preces solenes, da adoração da cruz e da comunhão sacramental. A noite do Sábado Santo é a “mãe de todas as vigílias”, a celebração central da fé cristã. Nela a Igreja espera, velando, a ressurreição de Cristo, e a celebra nos sacramentos do Batismo e da Eucaristia.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

5º Domingo da Quaresma

Ano A / Cor: roxo / Leituras: Ez 37,12-14; Sl 129 (130); Rm 8,8-11; Jo 11,1-45

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim, mesmo que esteja morto, viverá”  (Jo 11,25)

Diácono Milton Restivo

Neste 5º Domingo da Quaresma a liturgia da Palavra transpira a pequenez do homem e a magnitude de Deus, a fragilidade do homem e a grandeza de Deus, o fim inevitável do homem, a morte, e a eternidade de Deus. O profeta Ezequiel transmite a palavra de Yahweh para um povo que já estava na sepultura, isto é, sem esperanças, sem objetivos, sem perspectivas de dias melhores, pois vivia um período de escravidão, submetido a outros povos, e Yahweh promete a esse povo devolver-lhe a vida de esperança e reconduzi-lo à liberdade, colocando-o, de volta, na sua terra de origem, derramando sobre esse povo o seu espírito de fortaleza: “Ó meu povo, vou abrir os seus túmulos, tirar vocês de seus túmulos, povo meu, e vou levá-los para a terra de Israel. Povo meu, vocês ficarão sabendo que eu sou Yahweh, quando eu abrir seus túmulos, e de seus túmulos eu tirar vocês. Colocarei em vocês o meu espírito, e vocês reviverão. Eu os colocarei em sua própria terra, e vocês ficarão sabendo que eu, Yahweh, digo e faço”. (Ez 37,12-14)
O Salmo é o grito de desespero do pecador transformado numa oração de súplica a Yahweh: “Das profundezas eu clamo a ti, Yahweh: Senhor, ouve o meu grito! [...] Yahweh, se levas em conta as culpas, quem poderá resistir?” (Sl 129 (130),1-2.3)

quarta-feira, 30 de março de 2011

4º Domingo da Quaresma

Ano A / Cor: roxo / Leituras: 1Sm 16,1.6-7.10-13; Sl 22 (23); Ef 5,8-14; Jo 9,1-41

Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo” (Jo 9,5)

Diácono Milton Restivo

Neste 4º Domingo da Quaresma a liturgia da Palavra é muito rica, e seria necessário que fosse meditada uma por uma todas as leituras apresentadas. A primeira leitura narra a escolha do adolescente pastor Davi para ser o futuro rei de Israel em substituição ao rei Saul que havia, por suas atitudes, desagradado a Yahweh. Davi é ungido pelo profeta e juiz Samuel para tal finalidade: “Samuel tomou o chifre com óleo e ungiu a Davi na presença de seus irmãos. E a partir daquele dia o espírito do Senhor se apoderou de Davi”. (1Sm 16,13). O Salmo 22, atribuído ao próprio Davi, é um dos mais belos, mais conhecidos, mais cantados e mais recitados salmos em todo o mundo cristão. Como o Evangelho de hoje é riquíssimo em ensinamentos, vamos nos ater única e exclusivamente na meditação do Evangelho, que é de João, que é o único que narra esse acontecimento. Ainda que estejamos no Ano A, que é atribuído à leitura do Evangelho de Mateus, vez por outra o Evangelho de João é lido, como o foi no domingo passado na passagem de Jesus com a samaritana. A passagem do Evangelho de hoje, do homem que é cego de nascença, retrata o único cego de nascença mencionado no Novo Testamento. O evangelista João não cita em seu Evangelho, nenhuma vez, a palavra milagre, e sim, sinal. Deixa claro aos seus leitores que os sinais narrados no seu Evangelho são uma manifestação da glória de Deus para aqueles que estão dispostos a penetrar no mistério de Jesus. O cego de nascença simboliza a comunidade que não tomou consciência de sua situação de cegueira. Mostra, também, o conflito das autoridades religiosas do tempo de Jesus e de todos os tempos que mantêm o povo na escuridão. Este sinal é o de número seis no Evangelho de João e, como todos os demais, tem por objetivo testificar a divindade de Jesus, o Filho de Deus. O primeiro sinal foi nas bodas de Caná, na transformação da água em vinho (Jo 2,1-11), simbolizando o amor e a salvação pela Palavra. O segundo sinal foi a cura do filho de um funcionário real (Jo 4,46-54), simbolizando saúde e a força da fé. O terceiro sinal foi a cura do paralítico, vítima da exclusão social (Jo 5,1-18), simbolizando solidariedade e graça. O quarto sinal foi a multiplicação dos pães (Jo 6,1-15), simbolizando a partilha e mostrando que o mundo recebe o Evangelho através dos homens cooperando com Deus. No quinto sinal Jesus caminha sobre as águas (Jo 6,16-21), retratando o medo e a insegurança dos discípulos quando Jesus está ausente e demonstrando a confiança que Jesus inspira a todos e a paz que advém ao sentirem a presença de Jesus no barco com eles. O sexto sinal é a cura do cego de nascença (Jo 9,1-41), simbolizando que Jesus é a luz do mundo: “enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo” (Jo 9,5). E, finalmente, o sétimo sinal, a ressurreição de Lázaro (11,1-44), atestando que Jesus é vida: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). A ressurreição de Lázaro meditaremos no próximo domingo. Nesta passagem do Evangelho é narrado o episódio do cego de nascença. O Evangelho de João narra quatro tipos de cegueira e escuridão espirituais: