segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Festa da Conversão de São Paulo

Diác. Milton Restivo

Paulo se chamava também Saulo (At 13,9), nome hebraico derivado de Saul, o primeiro rei dos israelitas, que significa pedido. Era judeu por descendência e romano devido à importância de sua cidade natal, Tarso, no Império Romano (At 16,37; 22,25-30). Paulo era seu nome romano, considerando a sua cidadania romana, derivado do latim Paulus, que significa pequeno: “Então Saulo, também chamado Paulo...” (At 13,9) Paulo nasceu em Tarso, cidade principal da Cilícia (At 21,39), possivelmente entre os anos 5 e 10 dC e é conhecido como o grande apóstolo dos gentios, povos não judeus. Descendia de uma família hebréia da tribo de Benjamin (At 23,6; Fl 3,5) que havia obtido a cidadania romana; era uma família de grandes posses e prestígio político. Seus pais, sendo como eram, fiéis à lei mosaica, ao completar Paulo treze anos de idade, o mandaram logo para Jerusalém para ser educado lá e onde moravam sua irmã e seu sobrinho (At 23,16; 26,4). Imagina-se que teria sido por volta dos treze anos de idade considerando que essa era a idade que todo judeu deveria começar a se apresentar, pelo menos uma vez por ano, no Templo de Jerusalém.
Paulo foi um fariseu fervoroso (Gl 1,14; At 22,3; 26,4-5), foi circuncidado conforme determinava a Lei de Moisés (Fl 3,5.7.9a) recebendo o nome de Saulo (Saul) e teve como professor e preceptor um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande Gamaliel (At 22,3), neto do ainda mais famoso Hilel, de quem recebeu as lições sobre os ensinos do Antigo Testamento (At 22,3). Foi este Gamaliel, cujo discurso consta dos Atos dos Apóstolos 5,34-39, que aconselhou o Sinédrio a não tentar contra a vida dos apóstolos. Saulo tornou-se um fariseu convicto e extremamente zeloso (Gl 1,14). Pela análise de todos os textos por ele escritos, entende-se que a família de Saulo era influente. Paulo mesmo chegou a possuir algum nível de autoridade política e religiosa em Jerusalém. É discutido se Paulo tenha participado do Sinédrio ou simplesmente de uma sinagoga, onde votava penalidades contra os cristãos (At 26,10), mas, ter feito parte ou não do Sinédrio inexiste citação nos textos sagrados. Parte de sua instrução foi o aprendizado da confecção de tendas, ofício que mais tarde lhe serviria como fonte de renda em algumas viagens.
Paulo falava e escrevia corretamente o grego (At 21,37), a língua comum (koiné) das cidades e do comércio.  Falava também o hebraico (At 21,40; 26,14), a língua na qual foi escrita a maior parte do Antigo Testamento e que ainda se usava nas sinagogas. Falava o aramaico do povo da Palestina, língua materna de Jesus.  Não se sabe se Paulo falava o latim de Roma, mas, com certeza, sim, considerando ser um cidadão romano por adoção e o encontramos, muitas vezes, debatendo com autoridades romanas, que falavam o latim.
A primeira vez que Saulo aparece nas Sagradas Escrituras foi no apedrejamento do diácono Estevão: “As testemunhas depuseram seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo.” (At 7,58); “Saulo era um daqueles que aprovavam a morte de Estevão. Naquele dia desencadeou-se uma grande perseguição contra a igreja de Jerusalém. E todos os apóstolos se espalharam pelas regiões da Judéia e da Samaria”. (At 8,1); “Saulo, porém, devastava a igreja: entrava nas casas e arrastava para fora homens e mulheres, para colocá-los na prisão.” (At 8,3). A perseguição de Saulo serviu apenas como fermento para a difusão da mensagem de Jesus Cristo: “E aqueles que se dispersaram iam de um lugar para outro anunciando a Palavra”. (At 8,4).
Pode um homem que perseguiu e torturou cristãos tornar-se também um cristão? O que faz com que o perseguidor dê meia-volta em sua vida e passe a ser perseguido?  Existe esperança para alguém que blasfema o nome de Deus e odeia os que seguem a Jesus?  “Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Ele apresentou-se ao sumo sacerdote, e lhe pediu cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco, a fim de levar presos para Jerusalém todos os homens e mulheres que encontrasse seguindo o CAMINHO. Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco,, Saulo se viu repentinamente cercado por uma luz que vinha do céu. Caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que você me persegue? ’ Saulo perguntou: ‘Quem és tu, Senhor?’ A voz respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo. Agora se levante, entre na cidade, e ai dirão o que você deve fazer.’ (At 9,1-6). Esta é a história da conversão de Saulo de Tarso. Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?” A sua primeira pergunta de Saulo não foi: "Senhor, o que queres que eu faça?", mas, sim, "Senhor, quem és Tu?" porque cristianismo não é somente fazer. Cristianismo é descobrir em primeiro lugar quem é Jesus, apaixonar-se por ele, amá-lo com todo o coração, viver uma vida de comunhão com esse maravilhoso “quem”. Só depois que Jesus reproduziu seu caráter na vida de Paulo é que ele aprendeu a fazer as coisas que devem ser feitas: os “quês” e “porquês” do cristianismo. E Jesus diz a Saulo: "... levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer".  (At 9:6)
Segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, Paulo, conforme ele mesmo escreveu, converteu-se sem a pregação do evangelho por parte de outro homem: “Irmãos, eu declaro a vocês: o Evangelho por mim anunciado não é invenção humana. E, além disso, não o recebi nem aprendi através de um homem, mas por revelação de Jesus Cristo”. (Gl 1,11-12). O próprio Ananias, indicado por Jesus para socorrer Paulo, ficou temeroso quando Deus lhe enviou a orar por aquele que era conhecido como o grande perseguidor da Igreja do Caminho: “Ananias respondeu: “Senhor, já ouvi muita gente falar desse homem e do mal que ele fez aos teus fiéis em Jerusalém. E aqui em Damasco ele tem plenos poderes que recebeu dos chefes dos sacerdotes, para prender todos os que invocam o teu nome”. (At 9,10 ss).
Paulo foi ousado demais e, depois de convertido, passou a falar de Jesus por onde passasse. A ousadia com que Paulo passou a anunciar Jesus acabou por incomodar muita gente. Em Damasco o perseguidor começa a ser perseguido, primeiro pelos próprios cristãos que não o aceitavam porque tinham medo dele por ele já ter perseguido a Igreja de Jesus Cristo (At 9,19-22); segundo pelos judeus que ficaram inconformados pela conversão de Paulo e combinaram matá-lo (At 9,23-25). Nem os seguidores de Jesus que estavam em Jerusalém acreditavam em Paulo, exceto Barnabé, homem iluminado, que tentou aproximar Paulo dos demais apóstolos (9,26); Saulo tentou se aproximar dos discípulos de Jesus, mas estes tinham medo dele (At 9,28); Saulo discutia com os helenistas (gregos), e estes, assim como os judeus, projetaram matá-lo (At 9,29). A partir daí, Saulo desaparece por um tempo de cena, só aparecendo, novamente a partir de Atos 11,25 em diante. Nesse período, possivelmente, Saulo esteve por cinco anos de silêncio em Tarso, e, durante esse período de tempo (três anos?) em retiro no deserto (na Arábia, cf Gl 1,17).
A conversão tirou Saulo, agora Paulo, de uma posição elitizada na sociedade e o colocou em outra bem inferior. Ao invés de empregador, dono de uma oficina de confecção de tendas, com seus empregados e escravos, acabou, sendo ele mesmo, um empregado, um trabalhador assalariado com aspecto de escravo: “Por causa dele perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo, e estar com ele.”. (Fl 3,8-9). Mal e mal ganhava o suficiente para poder sobreviver: “E quando passei necessidade entre vocês, não fui pesado a ninguém... Em tudo evitei ser pesado a vocês e continuarei a evitá-lo”. (2Cor 11,9). A conversão para Cristo criou para Paulo uma situação nova, imprevista. De um lado, excluído da comunidade judaica, perdeu o círculo de amizades que tinha.  Deve ter perdido, também, a clientela entre os judeus, pois eles passaram a odiá-lo a ponto de querer matá-lo. (At 9,23). Por outro lado, enviado para a missão pela comunidade de Antioquia (At 13,2-3), levou vida errante, durante mais de doze anos, sem domicílio, sem oficina e sem a possibilidade de montar uma clientela fixa para a sua profissão de fazedor de tendas. Essa nova situação o obrigou a buscar uma nova maneira de sobreviver. O nome “Saulo” permanece até At 13,9: “Então Saulo, que também se chamava Paulo...”.
Fora da Palestina Paulo começou por tentar evangelizar os judeus que “encheram-se de inveja e com blasfêmia contradiziam o que Paulo falava”. (At 13,45). Paulo, então, voltou-se para os gentios, os povos não judeus: “Então, com mais coragem ainda, Paulo e Barnabé declararam: ‘Era preciso anunciar a palavra de Deus, em primeiro lugar para vocês, que são judeus. Porém, como vocês a rejeitam, e não se julgam dignos da vida eterna, saibam que nós vamos dedicar-nos aos pagãos. Porque esta é a ordem que o Senhor nos deu: Eu coloquei você como luz para as nações, para que leve a salvação até aos extremos da terra”. (At 13,46-47). “Então o Senhor me disse: ‘Vá! É para longe, é para os pagãos que eu vou enviar você’”. (At 22,21).
Depois de sua conversão, Paulo descobre que Jesus o amou antes até que ele próprio conhecesse Jesus, chegando ao cúmulo de Jesus dar a sua vida por ele: “E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gl 2,20b) e “...Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores.” (Rm 5,8b).  Paulo joga para o alto tudo o que ele tinha vivido até então como fariseu, deixando bem claro isso na sua carta aos Filipenses: “Por causa de Cristo, porém, tudo o que eu considerava como lucro agora considero como perda. E mais ainda: considero tudo uma perda diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo.  Por causa dele perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo, e estar com ele. (Fl 3,7-9a). Paulo fez sua confissão sincera: “Eu também antes acreditava ser meu dever combater com todas as forças o nome de Jesus, o Nazareu. E foi isso que eu fiz em Jerusalém: prendi muitos cristãos com autorização dos chefes dos sacerdotes, e dei o meu voto para que fossem condenados à morte. Em todas as sinagogas eu procurava obrigá-los a blasfemar por meio de torturas e, no auge do furor, eu os caçava até em cidades estrangeiras”. (At 26,9-11); “Certamente vocês ouviram falar do que eu fazia quando estava no judaísmo. Sabem como eu perseguia com violência a Igreja de Deus e fazia de tudo para arrasá-la. Eu superava no judaísmo a maior parte dos compatriotas da minha idade, e procurava seguir com todo o zelo as tradições dos meus antepassados”. (Gl 1,13-14).
Nos seus escritos Paulo se autodenomina Apóstolo: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por vontade e chamado de Deus...” (1Cor 1,1); “Por acaso não sou livre? Não sou apóstolo? Não vi nosso Senhor?” (1Cor 9, 1). “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por ordem de Deus nosso Salvador e de Jesus Cristo nossa esperança, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé; graça misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo nosso Senhor”. (1 e 2Tm 1,1-2). Porque “apóstolo”?
O Apóstolo era aquele que, conforme a definição de Pedro, quando se propuseram a substituir Judas, que deixara de ser apóstolo por sua traição: “Há outros homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor vivia no meio de nós, desde o batismo de João até o dia em que foi levado ao céu (ascensão do Senhor). Agora é preciso que um deles se junte a nós para testemunhar a ressurreição.”. (At 1,21-22). Para Pedro, para ser apóstolo havia necessidade de ter seguido, ininterruptamente Jesus desde o seu batismo até a sua Ascensão aos céus.  
Paulo se enquadra nesse perfil? Não nesse perfil, mas Paulo se justifica: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por vontade e chamado de Deus”. (1Cor 1,1); “Por acaso não sou livre? Não sou apóstolo? Não vi nosso Senhor?” (1Cor 9, 1); “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por ordem de Deus nosso Salvador e de Jesus Cristo nossa esperança, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé; graça misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo nosso Senhor”. (1 e 2Tm 1,1-2). “Não da parte dos homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai”. (Gl 1,1). Paulo considera-se a si mesmo como apóstolo e testemunha, embora não tenha sido testemunha da ressurreição do Mestre: “Em último lugar apareceu a mim, que sou um aborto. De fato, eu sou o menor dos apóstolos e não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. Mas aquilo que sou, eu o devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim não foi estéril. Ao contrário, trabalhei mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo. Portanto, ai está o que nós pregamos, tanto eu como eles; ai está aquilo no qual vocês acreditaram”. (1Cor 15,8-11); “Deus, porém, me escolheu antes de eu nascer e me chamou por sua graça”. (Gl 1,15). “Então o Senhor me disse: Vá! É para longe, é para os pagãos que eu vou enviar você”. (At 22,21); “Pelo que vejo, Deus reservou o último lugar para nós que somos apóstolos, como se estivéssemos condenados à morte, porque nos tornamos espetáculo para o mundo, para os anjos e para os homens”. (1Cor 4,9).
Os sofrimentos de Paulo não foram poucos e ele mesmo os narra para se defender dos ataques daqueles que diziam que ele era um impostor: “São ministros de Cristo? Falo como louco: eu o sou muito mais. Muito mais pelas fadigas; muito mais pelas prisões; infinitamente mais pelos açoites; freqüentemente em perigo de morte; dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um. Fui flagelado três vezes; uma vez fui apedrejado; três vezes naufraguei; passei um dia e uma noite em alto mar. Fiz muitas viagens. Sofri perigos nos rios, perigos por parte dos ladrões, perigos por parte de meus irmãos de raça, perigo por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos par parte dos falsos irmãos. Mais ainda: morto de cansaço, muitas noites sem dormir, fome e sede, muitos jejuns, com frio e sem agasalho. E isso para não contar o resto: a minha preocupação cotidiana, a atenção que tenho por todas as igrejas. Quem fraqueja, sem que eu também me sinta fraco? Quem cai, sem que eu me sinta com febre? Se é preciso gabar-me, é de minha fraqueza que vou me gabar. O Deus e Pai do Senhor Jesus, que é bendito para sempre, sabe que não minto”. (2Cor 11,22-31). Paulo teve muitos problemas nas comunidades que fundara trazidos pelos judeus convertidos ao cristianismo, conhecidos como “judaizantes”.
Os judaizantes: quem eram? “Chegaram alguns homens da Judéia (fariseus que haviam se convertidos para o cristianismo) e doutrinavam os irmãos de Antioquia, dizendo: “Se não forem circuncidados, como ordena a Lei de Moisés, vocês não poderão salvar-se” Isso provocou uma grande discussão entre Paulo e Barnabé. Então ficou decidido que Paulo e Barnabé e mais alguns iriam a Jerusalém  para tratar dessa questão com os Apóstolos (Pedro, Tiago e João) e anciãos. (Em Jerusalém) alguns daqueles que haviam pertencido ao partido dos fariseus e que haviam abraçado a fé intervieram, declarando que era preciso circuncidar os pagãos e mandar que eles observassem a Lei de Moisés.” (At 15,1-2.5). Criou-se, ai, a necessidade de uma reunião em Jerusalém com Pedro Tiago e João e anciãos de Jerusalém para discutirem esse assunto, reunião essa que participaram Paulo e Barnabé (At 15,6-21) e que passou a ser conhecida como o primeiro concílio da Igreja. Os cristãos de Antioquia tinham costumes diferentes dos cristãos de Jerusalém que eram todos judeus e por muito tempo agiram como judeus (At 21,17).  Os Apóstolos e anciãos de Jerusalém se reuniram para tratar desse assunto. Pedro faz um discurso. (At 15,7-11). Por sua vez “Paulo e Barnabé contam a todos os sinais e prodígios que Deus havia realizado por meio deles entre os pagãos.” (At 15,12). Tiago faz um discurso. (At 15,13-21). Dessa reunião em Jerusalém confeccionou-se a chamada carta conciliar (At 15,22-29), tendo se chegado às seguintes conclusões: 1. Acolhida dos irmãos que vieram do paganismo; 2. Reprovação contra os judaizantes; 3. Envio de Paulo, Barnabé, Judas, chamado Barsabás e Silas para transmitirem pessoalmente a decisão do Concílio; 4. Não colocar fardos sobre os neoconvertidos do paganismo ao cristianismo, que deveriam: absterem-se da carne sacrificada aos ídolos, do sangue das carnes sufocadas e das uniões ilícitas e ficarem livres da observância da Lei de Moisés e da circuncisão.
Para criar as comunidades a estratégia pastoral de Paulo é bastante clara: privilegiava os grandes centros urbanos, fundando ai um núcleo cristão. Esse pequeno grupo, que se reunia nas casas, sentia, ao crescer em número, a necessidade de dar origem a outros grupos na mesma cidade ou nas cidades menores da periferia. Dessa forma, aos poucos, Paulo crê atingir as aldeias, numa evangelização que pode ser chamada “em rede”.
O relacionamento entre Paulo e Pedro nem sempre foi um mar de rosas. Quando Pedro vai a Antioquia, Paulo lhe chama a atenção por dar mau exemplo: Paulo se opõe a Pedro, que se colocou do lado dos judaizantes da turma de Tiago, desmascarando-lhe a hipocrisia (2,11-14), por ocasião da visita de Pedro à comunidade de Antioquia:  “Mas quando Cefas (Pedro) veio a Antioquia, eu o enfrentei abertamente porque ele se tinha tornado digno de censura. Com efeito, antes de chegarem alguns vindos da parte de Tiago, ele comia com os gentios, mas quando chegaram, ele se subtraia e andava retraído, com medo dos circuncisos. Os outros judeus começaram, também , a fingir junto com ele, a tal ponto que até Barnabé se deixou levar por sua hipocrisia. Mas quando vi que não andavam retamente segundo a verdade do evangelho, eu disse a Pedro diante de todos: se tu sendo judeu, vives a maneira dos gentios e não dos judeus, porque forças os gentios a viverem como judeus?”(Gl 2,11-14)
A tradição nos diz que Pedro e Paulo morreram no mesmo dia, na cidade de Roma, sob o império de Nero, entre os anos 64-67, por ocasião do incêndio de Roma causado pelo imperador Nero. Paulo, como cidadão romano que era, foi morto pela espada. Pedro, por sua vez, como era estrangeiro cuja terra era dominada pelos romanos, foi morto na cruz, que era o suplício dos inimigos dos romanos, marginais, ladrões, terroristas, e todos os que contrariavam a lei romana.

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